Por: CARLOS da ÚNICA
Ele conseguiu resgatar um hamster e duas cadelas que haviam ficado presas no prédio. Área está isolada desde quinta-feira (6/1)
Morador do prédio que desabou na última quinta-feira (6/1), em Taguatinga Sul, o auxiliar de serviços gerais Francisco Silva (foto de destaque) conseguiu resgatar, na tarde de sábado (8/1), duas cadelas e um hamster que estavam presos na edificação. Segundo testemunhas, ele furou o bloqueio e conseguiu encontrar os animais de estimação.
Os pets estavam no local desde quinta-feira (6), quando parte do edifício desabou e deixou famílias desabrigadas. Desde o ocorrido, o espaço segue totalmente interditado. Ele desrespeitou as orientações das autoridades, que ressaltam o perigo de o prédio vir a ruir.
Além dos três animais resgatados por Francisco no sábado, ainda havia uma cadela dele presa na edificação. Segundo informações, a cachorra identificada por Bibi também foi retirada pelo Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) da estrutura, na manhã deste domingo (9).
Um coelho também foi encontrado pela corporação.
O responsável pelo prédio divulgou um novo comunicado para informar que prorrogou o prazo de permanência das famílias que residiam no edifício, para que fiquem nos hotéis custeados por ele, até a próxima quarta-feira (12/1).
“Depois deste prazo, será feita nova avaliação para as próximas providências”, diz o texto.
Ainda segundo o texto, encaminhado pela Proativa Comunicação sem a identificação do proprietário, nesta segunda-feira (10/1), vence o prazo para a Defesa Civil do Distrito Federal se posicionar quanto ao grau de estabilidade do prédio, o que permitirá garantir a segurança necessária para a retirada dos pertences dos moradores.
De acordo com a nota, a empresa particular de topografia contratada para estudar e monitorar a estabilidade da edificação também passou a monitorar as edificações vizinhas, subsidiando os envolvidos de informações quantos aos possíveis riscos, a partir do sinistro.
“Atualizando as informações acerca do ocorrido com o prédio que teve parte de sua estrutura comprometida, na QSE Área Especial 20, lote 19, em Taguatinga Sul, vimos informar que:
– Foi prorrogado o prazo de permanência das famílias nos hotéis custeados pelo proprietário do prédio até quarta-feira, dia 12 de janeiro. Depois deste prazo, será feita nova avaliação para as próximas providências;
– Amanhã, dia 10, vence o prazo da Defesa Civil para posicionar quanto ao grau de estabilidade do prédio, o que permitirá garantir a segurança necessária para a retirada dos pertences dos moradores;
– A empresa de topografia, contratada pelo proprietário, que realiza, desde sexta-feira, estudo e monitoramento da estabilidade do prédio, também passou a monitorar as edificações vizinhas, subsidiando os envolvidos de informações quantos aos possíveis riscos, a partir do sinistro;
– Até o momento, segundo a equipe técnica que monitora o local, o prédio sofreu, desde então, apenas 1cm de movimentação – o que eles consideram um dado que distancia a possibilidade de desabamento a curto prazo;
– Se a situação permanecer estável, uma empresa especializada será contrata pelo proprietário para a retirada dos pertences das famílias, em condições seguras.
Mais uma vez, informamos que o proprietário segue prestando as informações necessárias para a condução das investigações, tomando as medidas cabíveis para minimizar os impactos do ocorrido, bem como atento às necessidades de apoio às famílias impactadas pelo acidente.
O Metrópoles apurou que o proprietário do prédio de cinco pavimentos e quatro andares localizado na QSE Área Especial 20, Lote 20, em Taguatinga Sul, chama-se Edilson Albuquerque. Por meio da assessoria de comunicação, o empresário declarou que não dará entrevistas sobre o episódio.
Até segunda-feira (10/1), ninguém está autorizado a entrar no edifício. Os engenheiros responsáveis pelo monitoramento farão uma avaliação comparativa ao longo do período de 72h para então divulgar qual será a decisão.
Segundo o tenente-coronel Deusdete Vieira, o trabalho será de “comparação”. “Foram tiradas ontem, vamos tirar fotos hoje, também iremos tirar fotos amanhã para que os engenheiros possam ter embasamento para saber qual será nosso trabalho a partir de segunda-feira (10/1)”, explica. “A ideia é que um conjunto de engenheiros façam essa avaliação (de quais serão os próximos passos), com ajuda da Novacap inclusive. É um trabalho criterioso para nos fornecer a tomada de decisão”, pontua.
“Nós (da Defesa Civil) estamos perguntando para os moradores o que eles tem de mais importante dentro das residências para que na segunda-feira (após completar o período de 72h), se os engenheiros nos permitirem, as guarnições de bombeiros entrem e façam retirada desses materiais”, detalha.
Um engenheiro da Defesa Civil, tenente-coronel Rossano Bonerth, aponta que o trabalho de medição estrutural do prédio, localizado na QSE Área Especial 20, em Taguatinga, em conjunto com os topógrafos da Novacap será muito mais preciso. “Nós vamos medir o posicionamento desse prédio. Sua inclinação, localização e dimensões. É um trabalho muito mais preciso”, complementa.
Por meio de nota divulgada nessa sexta-feira (7/1), o dono do imóvel, Edilson Albuquerque, lamentou a tragédia, mas não fez comentário algum sobre a situação irregular do edifício, que não tem Habite-se e alvará. Segundo moradores, o valor do aluguel no prédio variava entre R$ 750 e R$ 1,2 mil.
O prédio não tinha alvará de construção ou carta de Habite-se, ou seja, era irregular. A informação foi confirmada ao Metrópoles pelo Governo do Distrito Federal. Ainda segundo o GDF, a obra não foi autorizada pela Central de Aprovação de Projetos da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) e sequer houve solicitação de licenciamento para o projeto.
“Morreu a esperança da gente”, afirma moradora de prédio que desabou.
Já a Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) informou que o único registro encontrado de ações fiscais no local trata-se de uma notificação por descarte irregular de resíduos.
Segundo o administrador de Taguatinga, Bispo Renato, as forças de segurança do GDF continuarão trabalhando em apoio às vítimas. “Nós vamos contar com a colaboração da população inclusive com alimentos”, espera.
Os postos do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) e da Defesa Civil servirão de ponto de apoio a fim de recolher doações para os moradores.
Além disso, uma das moradoras disponibilizou o endereço QSE 7 casa 35, rua do CEF 10, em Taguatinga, para receber doações. Pelo PIX (61) 98408-6817 (celular) também é possível ajudar.