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Família luta para sepultar idoso exumado após troca de corpos em Goiás

IML informou ao Metrópoles que ainda não há previsão para liberar corpo de vítima de Covid-19, que morreu há um mês, em Goiânia


Um mês depois de ser sepultado por engano por outra família e 10 dias após ser exumado, o corpo de um idoso de 89 anos morto por complicações da Covid-19 ainda aguardava, nesta segunda-feira (17/5), liberação do Instituto Médico Legal (IML) de Goiânia para ser enterrado, novamente. Familiares reclamam da demora de exame para confirmação de identidade do cadáver.

Enquanto isso, o corpo do outro idoso está bloqueado no Hospital Gastro Salustiano, na capital, onde os dois morreram, no dia 27 de abril, até a finalização de exames cadavéricos que identifiquem as vítimas.

“É muita aflição, estou passando noites com insônia e pedindo a Deus que isso se resolva logo”, desabafa a aposentada Herma Moreira dos Reis, de 84 anos. Ela é viúva de Aniceto Francisco dos Reis, exumado, no dia 6 de maio, em cemitério de Goiânia, onde havia sido enterrado no lugar de Jesus Faustino Teles, de 63.

A exumação do corpo de Aniceto foi determinada pela juíza Nathália Bueno Arantes da Costa, da 2ª Vara da Fazenda Pública Municipal e de Registros Públicos de Goiânia. Os dois cadáveres foram trocados por causa de um erro no momento de liberação dos corpos no hospital.


Sem previsão

Em entrevista ao Metrópoles, o perito criminal e superintendente de Comunicação da Polícia Técnica-Científica de Goiás, Ricardo Matos, disse que ainda não há previsão para liberação do corpo de Aniceto porque o idoso “não tem material para confronto odontológico”.


Por isso, de acordo com o superintendente, “os papiloscopistas estão tratando a digital pra ver se dá confronto”, ou seja, para verificar a possibilidade de confirmação do corpo. Caso não seja possível, a equipe deverá fazer identificação por meio de exame de DNA.

Filho de Aniceto, Adriano Francisco dos Reis, de 54, reforçou que a mãe dele está sofrendo muito, assim como toda a família. “O IML sabia que [meu pai] não tinha material odontológico desde o dia anterior à exumação”, diz ele. “A gente não compreende porque o IML não tomou a posição de já começar a colher material de DNA”, reclama.

As famílias das vítimas dizem que vão ingressar com ação na Justiça contra o hospital e a Funerária Fênix por danos morais e materiais.


Remoção

O corpo de Aniceto foi removido pela Fênix, apontada como envolvida no erro por ter realizado o sepultamento dele, e encaminhado à Funerária do Parque Memorial de Goiânia, contratada pela família do idoso. A Fênix deverá sepultar o corpo do paciente Jesus, assim que também houver liberação.

O diretor do hospital, o médico Salustiano Gabriel Neto, admitiu “falha geral”, conforme mostrou o portal. Ele disse que vai cumprir o que for determinado pela Justiça. “O que for determinado a gente vai ter que cumprir, mas tem que se levar em conta que foram falhas humanas”, ponderou.

Gerente da funerária, Adilson Pessoa afirmou ao portal que a empresa não tem culpa pela troca dos corpos. “No necrotério do hospital, entraram primeiro a enfermeira e uma parente de Jesus para fazer a retirada do corpo dele. Em seguida, ela e a parente saíram do local onde ficam os corpos. Depois, a enfermeira levou o funcionário e entregou o corpo errado para ele”, acentuou.

Decreto do município de Goiânia estabelece prazo de três anos para exumação e remoção de cadáveres na cidade, salvo decisão ou sentença judicial que determine o contrário.

Apesar de as famílias já terem realizado o reconhecimento dos corpos, o IML só vai autorizar a liberação deles após a Polícia Técnico-Científica confirmar a identificação de cada um, seguindo um procedimento rigoroso para evitar que qualquer erro seja cometido, novamente.


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